terça-feira, 10 de novembro de 2009

O espelho tem duas faces


O que é o espelho senão o reflexo de nós mesmos?
O reflexo do que realmente somos,
Aquilo que não pode ser mudado,
Nossa imagem sempre será a mesma.
Será?
Será que somos nós mesmos a imagem projetada?
Será que isso não seria fruto de uma maior empreitada?
E nossa subjetividade onde está que não posso enxergar?
Na verdade, onde estamos? quem somos? para onde vamos?
Tudo me parece tão ilusório,
Que só o que vejo é spectro;
Não sou eu quem está alí,
E sim o que fora feito de mim.
Ó capitalismo!
Ó regimes totalitários!
Vêm fazer de mim o seu inseto,
Me chame de Gregório,e guie-me neste caminho incerto.
Use e abuse de minha imbecilidade,
Qual prende com suas garras, minha subjetividade.
Guie minha força para o fortalecimento do capital,
Vista-me, para que eu não pareça um animal.
Deixe-me fazer parte desta engrenagem,
Não quero ser visto no caminho da vadiagem.
Quero uma poupança,
Quero um automóvel ultimo modelo,
Quero estar na moda, e quero ter dinheiro.
Ó poluição!
Ó últimos penteados!
Ó bolsa de valores!
Como amáveis sois vós,
Como amo tudo ferozmente;
Está tudo gravado em meu inconsciente.
A metamorfose está completa,
E não estou nada contente.
Ah! Como eu gosto de ser surrado,
Como eu sou triste, e como sou conformado.
Não espere minha morte anunciada,
Ela já foi dada no início da cruzada.
Se eu fosse um super homem,
Menocchio seria meu nome;
Não me deixaria levar pelas tsunames da docilidade,
Explodiria o mundo e toda sua crueldade,
Somente com a pureza de minha subjetividade,
Enfrentando a tudo e a todos, inclusive divindades.
Da putrefação, se fez o mundo,
E da podridão do mundo nos concebemos.
O espelho tem duas faces, mas eu sou o que posso ver.
Giovanni Curvo Gottardi de Almeida

2 comentários:

Ana Paula disse...

É sublime sua poesia! Nada que a linguagem aqui presa conseguira definir. Tão somente, seus escritos me tomaram de emoção. Beijos mil.

Anônimo disse...

Incrível. Parabéns!